A nóvel Cidade do Sabugal é detentora de poderes municipais desde o século XIII, outorgados pela coroa leonesa, que foram posteriormente confirmados por D. Dinis em 1296 e por D. Manuel em 1515. Como sede de concelho a vila possuiu, durante muitos anos, o seu pelourinho - um dos principais símbolos de justiça e poder municipal. Conhecemos diversos exemplares na região beirã e também no concelho do Sabugal, mas o monumento do Sabugal é dos que sofreu maior destruição e abandono, não tendo chegado intacto aos nossos dias. Pela observação dos famosos desenhos de Duarte d’Armas, datados de 1509, verificamos a existência dum belo monumento na actual praça do município, do qual não restam quaisquer testemunhos materiais ou informações documentais. Posteriormente terá sido construído outro exemplar, em época mais recente (talvez entre os séculos XVII-XVIII), que durou até meados do século XIX, tendo sido destruído pelas diversas movimentações militares desse período conturbado. Dele restam apenas 3 peças, correspondentes a um fragmento do fuste da coluna e dois elementos do capitel, guardados na biblioteca do Sabugal, prevendo-se a sua exposição no futuro Museu Municipal. Foram encontrados, há cerca de 5 anos atrás, guardados na Torre do Relógio, servindo de contrapeso do relógio (razão pela qual apresentam um gancho de ferro encastrado). Pelo desenho apresentado nas Memórias do Concelho do Sabugal conhecemos a forma completa do monumento, onde também é referida a sua autoria pelo Dr. Vale e Sousa, no ano de 1907, durante a sua passagem como juiz pela comarca. Devemos ao Sr. Mário Ferreira da Silva o mérito da recolha de mais documentação sobre esta personalidade e a obtenção de outros desenhos e registos sobre o monumento, onde pudemos verificar que o Dr. Vale e Sousa não viu o pelourinho intacto, mas apenas cinco fragmentos soltos, a partir dos quais, e certamente com ajuda de informações populares, propôs a reconstituição das peças, bem como a sua localização no local onde hoje se encontra o chafariz da Praça da República. Verificamos que o monumento apresentava uma elegante e altiva coluna com torsa do tipo torcicotos separados, assente sobre uma escadaria de cinco degraus de planta hexagonal. A meio do fuste teria um nó de toros sobrepostos e sobre a coluna ostentava um capitel cupiforme. Toda a peça era rematada por quatro ferros com terminação em forma de cabeça de ganso e com argolas na boca.A autarquia do Sabugal, através do seu presidente Manuel Rito Alves, decidiu no passado ano promover a elaboração de uma réplica deste monumento em pedra granítica e à escala natural. O autor da obra de arte, Mestre Eugénio Macedo, executou magistralmente e de forma fidedigna, com os parcos recursos técnicos e logísticos que lhe foram disponibilizados, apenas um estudo desenhado em 1907 por um magistrado da Comarca do Sabugal. Esta árdua tarefa do escultor encontra-se edificada no largo do museu municipal do Sabugal constituindo um enorme contributo para a memória histórica da região e, também, pedagógica, porque é representativa do património nacional, um grande orgulho da Cidade e que constitui mais uma presença viva e perene desse grande artista que é Eugénio Macedo. Honra lhes seja feita, ao artista e ao presidente.