Uma escultura de corpo inteiro vai ser erigida em Barca d’Alva, no extremo Norte do concelho de Figueira de Castelo Rodrigo, por iniciativa do município que desta forma pretende homenagear o pensador e escritor que viveu naquela localidade ribeirinha do Douro.
Em Barca d’Alva existe já uma placa comemorativa do centenário do nascimento do filósofo, tendo este monumento sido executado ao vivo pelo mestre escultor Eugénio Macedo durante a Feira de Actividades Económicas figueirenses que terminou no domingo. A escultura é em tamanho real de granito amarelo e já está em fase de acabamento. Eugénio Macedo é autor de vários monumentos e conjuntos escultóricos, designadamente no Sabugal, onde viveu durante algum tempo. Agostinho da Silva nasceu no Porto a 13 de Fevereiro de 1906, esteve preso no Aljube (Lisboa) devido a polémicas com o Estado Novo e optou por se exilar no Brasil, onde co-fundou as universidades federais de Paraíba e Santa Catarina e a Universidade de Brasília.
Antes disso, até 1928, cursou Filologia Clássica na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, tendo concluído a licenciatura com 20 valores, após o que começou a colaborar na revista “Seara Nova” até 1938. Em 1929, com apenas 23 anos, defendeu a sua dissertação de doutoramento sobre “O Sentido Histórico das Civilizações Clássicas”, doutorando-se “com louvor”.
Em 1931 foi para Paris, tendo estudado na Sorbonne e no Collège de France, de onde regressou para leccionar, em 1933, no ensino secundário em Aveiro até 1935, altura em que foi demitido do ensino oficial por se recusar a assinar a Lei Cabral, que obrigava todos os funcionários públicos a declararem por escrito que não participavam em organizações secretas e, como tal, subversivas.
Faleceu em Lisboa, a 3 de Abril de 1994, porém, deixou uma vasta obra, que inclui textos pedagógicos, ensaios filosóficos, novelas, artigos, poemas, estudos sobre história e cultura e as suas reflexões sobre a religião.
José Domingos in Jornal o Interior de 20-08-2008