No local onde se encontravam seis casas degradadas e quase todas em estado avançado de ruína, surge agora um amplo largo requalificado, onde a atracção principal é o monumento em homenagem ao agricultor.
Tendo em conta que, em meio rural, todas as pessoas já alguma vez trabalharam a terra, a Junta de Freguesia, após aprovação da Assembleia de Freguesia, decidiu prestar tributo a todos aqueles que, com suor e sacrifício, muitas vezes do nascer ao por do sol, souberam arrancar da terra a sobrevivência.
Contactado o mestre Eugénio Macedo, logo retorquiu que o curto espaço de tempo que lhe concedíamos (um mês e meio), não lhe permitiria criar nenhuma escultura, mas, quando lhe comunicámos a intenção de homenagear o agricultor, alegraram-se-lhe as feições, embargou-se-lhe a voz e referiu que “esse ainda não tinha feito” e que essa obra ele teria de executar, nem que, para isso, “tenha de trabalhar dia e noite”. Assim fez, o que prova a grandeza do artista, confidenciando-nos, no fim, que tinha sido o trabalho que mais gozo lhe dera, considerando esta escultura a sua obra-prima do ano.
Vila Boa tem, agora, mais um motivo que justifica uma visita. A elegância, a harmonia, a suavidade dos traços deixados pelo escultor só serão devidamente apreciados no local. Nenhuma fotografia, por evoluída que seja a máquina, dispensará uma observação ao vivo. Mesmo que não consiga encontrar nenhum motivo para vir a Vila Boa, o simples facto de também você, leitor, sentir apreço por quem trabalhou ou ainda trabalha a terra, encontrará, lá bem no fundo, uma chamamento que o levará também a si a prestar uma justa homenagem ao agricultor.
Visite-nos, verá que valerá a pena!
Por: António Dinis